domingo, 13 de abril de 2008

Fim de Domingo


Segunda-feira é o pior dia da semana, indiscutivelmente. Mas domingo não fica longe não. Ainda mais quando acompanhado de uma chuvinha lá fora e de uma derrota roubada de seu time. E como se já não bastasse, hoje é o Dia do Beijo. Gente, existe data mais inútil do que essa?

Dia dos Namorados até vai, afinal, os solteiros melancólicos precisam de uma data pra canalizar toda sua frustração, do mesmo jeito que os brigados precisam de uma data anual para fazerem as pazes e os já 'namorando' tem que ter mais um dia para gastar dinheiro. Mas Dia do Beijo? Duvido que alguém dê flores para alguém só por que hoje é dia disso que ninguém nem ao menos sabe como e quando começou. Aliás, aquela teoria da mãe zelosa que mastigava os alimentos e cuspia de volta na boca dos seus filhos nunca colou. Não dá para conceber a existência de filhos sem beijos – ai de mim se um antropólogo lê isso. As outras teorias então... Talvez evolução de mordidas de ritos pré-sexuais dos macacos, ou ainda originário das lambidas em que os homens das cavernas davam uns nos outros em busca do sal na pele. Eca. Nada romântico, né? Acho que as verdades do beijo, assim como as do Papai Noel, são coisas que nunca deveriam ser encontradas pelo bem de nossas criancinhas. Mas isso não torna a data menos inútil, e nem o domingo menos pior.

A coisa vai além da excelente programação televisiva, que oscila entre vários graus escatológicos porém sem nunca deixar de ser escatológica. É um dia tão irritante que você sai na rua e vê idosos com seus poodles irritantes que latem para tudo e vão fazer na calçada aquela coisinha que amanhã ou depois você pisa em um momento de desatenção. Tem ainda a pressão, muito bem escondida, de que domingo é dia para ser feliz e fazer o que gosta. Ser feliz e fazer o que gosta quando no outro dia é segunda? Há, me engana que eu gosto. Acho que o maior problema do domingo é que ele se fundamenta numa eterna contradição: ele é o ultimo suspiro de prazer que damos antes da execução semanal. Ao mesmo tempo que o queremos, também o tememos. Algo parecido com o Lula antes de ser eleito. Mas ok, chega de ser ranzinza antes dos 40.

Até desejaria um feliz dia do beijo para quem ler isso, mas depois que li sobre o beijo, falar dele é imaginar dois homens da caverna, imundos e peludos, lambendo um ao outro num frenesi incessante; então melhor não ser hipócrita.

Boa semana a todos.

4 comentários:

Carlos Pegurski disse...

Cesinha, que graça de texto! Não a parte dos homens da caverna homorientados [mas heterossexuais, sem dúvida], nem a parte do Lula - blasfêmia. Tampouco a parte da segunda-feira, que só é ruim porque nós a fazemos isso. Mas ficou uma graça pelo comentário ligeiramente hostil aos antropologos! =] Parabéns!

O que eu tenho pra dizer!!! disse...

caramba que desabafo hehe, muito bom :)

Anônimo disse...

muito divertid seu blog, parabens
:)

Aline disse...

vá a merda com esse texto de mal comido César!

Tá louco! Vai desenergizar essa coisa que assim vc vira um velho-gagá-chato-sem-ninguém-rancoroso-amargo.