domingo, 22 de fevereiro de 2009

Pasquinismo

A opressão da mídia gorda sobre os movimentos sociais, cuja corresponsabilidade por tal usurpação democrática paira sobre certos blogueiros provincianos no aniversário de vinte anos da nossa Carta Magna: a influência em um jornal ilibado de dois filhotes do sistema, aspirantes à colunistas de vida pacata e de boemia matutina a serem custeadas pelas ratazanas da imprensa marrom.



Independentemente do posicionamento político-partidário que cada um nutra a partir de convicções íntimas [desde que se seja requianista], é sabido que a História se constrói a partir das relações de poder - a saber, a partir da perpetuação dessas relações.

Essas relações de poder têm implicantes sociais bastante importantes. Não à toa, o governo federal no últimos anos encontrou no sistema de cotas uma forma paleativa de contemplar os afrodescendentes e os estudantes da rede pública no acesso ao Ensino Superior. [Importante: no Estado Democrático de Direito em que vivemos, recheados de clichês como esse, é vital que se possa opinar a respeito de políticas compensatórias em mesas de bar sem assédio moral de militantes xiitas, estudantes de antropologia ou sínteses desse casamento].

Novamente, independentemente do posicionamento ideológico que se possa sustentar acerca da validade dessas políticas públicas, é necessário admitir que se trata de uma vitória dos movimentos sociais ligados às causas socioeconômica e etnocultural. São movimentos orgânicos que nascem como antítese natural da dinâmica social - e sua existência é tão legítima quanto a existência do Rotary Club, da Rede Globo, da Daslu e suas respectivas esferas valorativas.

No Estado Democrático de Direito em que vivemos - insisto no jargão tão comum nesse último ano, em que a CF88 completou vinte primaveras -, mais que uma possibilidade, constitui desejável manifestação da orientação ideológica pertencer a nichos como os citados acima [exclua-se o engajamento antropológico]. É salutar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária [já riria o Rei: como é grande o meu amor por clichês] esses vínculos institucionais.

Pelas razões aqui levantadas, não se pode admitir sem interrogações críticas que passam pela função social do jornalismo que um veículo impresso, entre os dez mais lidos do país, traga [pasmem!] no seu editorial mensagens como a seguinte: "O Fórum Social sempre chamou mais a atenção do público pelas presenças inusitadas. Ora são grupos indígenas fazendo seus exóticos rituais em praça pública, ora são movimentos anarquistas envolvendo a população em debochados jogos lúdicos." [Gazeta do Povo, 31/01/2009]

Para um jornal que está entre os dez mais respeitados do país, é uma pena que não haja uma cobertura inteligente e ampla sobre o Fórum Social Mundial. É de se estranhar, aliás. É uma pena também que façam tão marginal e monocromática a pluralidade dos movimentos sociais. E é lastimável, principalmente, que ainda considerem a cultura ameríndia 'exótica', mesmo depois de quinhentos anos de convivência compulsória, razoavelmente amena.

A dúvida persiste: apenas jornalistas podem escrever em jornais? Maus exemplos como esse podem derrubar o argumento da exclusividade profissional do jornalista. Mas isso é papo pra outro papo.
Por ora, se for-me permitida uma conclusão, devo dizer que, após muita análise, asseguro que um jornal idôneo como é a Gazeta só pode ter sido corrompido no íntimo por uma dupla de estudantezinhos dignos de Sessão da Tarde. A práxis jornalística dessa maculada instituição, quase centenária, está seriamente comprometida graças à contramilitância contracultural de dois lobinhos reitorianos blogueiros. Tudo bem, fazem Sociais, mas passaram dos limites.

Em tempo, aproveito o megafone para me posicionar em defesa dos movimentos sociais, seja eles quais forem, como forem, quem forem, para quem forem e por quanto forem; contra o aumento da passagem [passe livre para os homens de bem!]; em defesa do jornalismo objetivo, imparcial, neutro e utópico; contra o terceiro mandato; a favor do Requião...

3 comentários:

Thiago Elias disse...

só espero que o(s) miltante(s) xiita(s) em questão não leiam isso!
Pelo bem do convivio amenos em nosso circulo social.

Anônimo disse...

Fiquei com medo logo nas primeiras linhas quando foi cogitada a possibilidade de um cruzamento entre militantes xiitas e antropólogos. Cruz credo.

No mais resta a dúvida: quem continua lendo(e levando a sério) Gazeta do povo, ainda mais depois de ficar claro que 'contratam' qualquer um para atividades suspeitas e não-remuneradas? Só poderia mesmo ser um lobinho cefetiano blogueiro(há!)

Aline disse...

"antítese natural"

Descordo dessa parte.