terça-feira, 12 de outubro de 2010

Chuva


Estava eu a voltar para casa, num dia daqueles bem devagar. Começou um chuva que já era anunciada pelo céu cinza.

Caia devagar, eu conseguia contar os pingos que me acertavam -1...2...3,4,5...- eram daqueles pingos grossos que parecem explodir quando caem no chão. Passei a reparar nas pessoas, lentamente retiravam os guarda-chuvas da mochila, as sombrinhas das bolsas, ou simplesmente colocavam o casaco na cabeça. Os comerciantes tiravam as placas de propaganda da rua, tiravam as caixas de som das entradas das farmácias, lojas de roupa, etc.

A manhã tornavasse silenciosa, as filas dos bancos moviam-se lentamente para baixo das marquises. A frequencia dos pingos aumentava rapidamente, logo sentia a água fria escorrendo pelo meu cabelo, a blusa ficando encharcada, preferi não ir para baixo das marquises, estavam lotadas, e de qualquer forma seria um desrespeito para com a chuva.

Fiquei no meio da calçada, pensando com os meu botões "Ah se a chuva pudesse lavar essa falsidade, lavar a minha hipocrisia! Ah se essa calçada me levasse pra outro lugar!"