quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os três porquinhos

Conhece os aclamados três porquinhos das Ciências Sociais?

Não. Não são Durkheim, Marx e Weber. Nesse caso, estaríamos mais para a abelhinha, a galinha e o cachorro. Abelhinha, porque vive numa colmeia muito doce e regular fazendo cera em solidariedade aos seus coleguinhas de trabalho para uma rainha que ninguém questiona. Galinha, porque, além de transar com a empregada, teve uma vida de combate às raposas – mesmo que suas próprias companheiras tenham demonstrado apreciar um ovo como ninguém. E, enfim, cachorro porque eu gosto de cachorro e gosto do Weber, que era muito camarada.

E a massa se questiona: se não eles, quem? E eu respondo: o mais famoso triunvirato da ciência social é composto, sem tirar nem por (afinal, em caso contrário seria uma senhora viadagem) pelos eminentes Carlos, César e Thiago.

Muito bem. Partindo dessa constatação, questionar-se-á mesoclisticamente: e o que estudam os pupilos em seu nicho de academia?

O Carlos não estuda. Quando muito, produz a mais chata das literaturas. Em razão disso, há de consagrar-se comandante-em-chefe do sexto andar.

O César estuda relações de gênero pelo viés da pedagogia sexológica a partir da etnografia do coito. É o próprio Piaget do século XXI. Tanto é assim que seus escritos são muito usados no sétimo andar desde que ele se tornou um feminista-alfa (ou machinista, que me lembra maquinista, que me remete a questões demasiado particulares). Também como Piaget, que era um moluscólogo, a motivação dos seus estudos é fundamentada na biologia. Para quem não sabe, o César é digno de protagonizar a novela Rei do Porco: ele cria suínos dos mais variados tamanhos, cores e formatos com o único intuito de fazê-los verdadeiros quenianos. Dada a semelhança entre homens e porcos, encontrou uma área de pesquisa. Além dessas semelhanças, César mantém outras conexões com Piaget – Piaget não parece nome de dono de ateliê? –, mas são pouco científicas e por essa razão não serão mencionadas nesse texto.

O Thiago estuda bastante, mas não fará uso de toda a carga de leitura que acumula na cachola. Por quê? Porque ele é um guitarrista de renome, e o bom senso reza que todo aquele que pode se afastar das ciências sociais o faça com a maior brevidade possível, em nome da saúde mental da espécie. Para Thiago, a ciência social brasileira carece de um guitarrista e ilustrador nas horas vagas – contribuição que, todos concordamos, revolucionará a práxis científica a partir dos estudos que dele decorrerem.

Embora três porquinhos não seja uma definição perfeita, não encontrei outra melhor. Apesar de o Carlos ter sofrido uma metamorfose e deixado o casulo formado pelo ranço acadêmico, a metáfora da borboleta é demasiado homorientada para ser estabelecida. Apesar de o César por os porquinhos pra correr, chamá-lo de lobo é uma inverdade porque os lobos vivem em matilha. E, apesar de o Thiago ser nutrido pela música e ter o ócio como desejo absoluto, ele não combina com a cigarra porque trabalha em serviço público e, se achar que o termo cigarra é ofensivo, ele pode me processar e me por na cadeia por trinta anos.

É. Os três porquinhos não são de todo mal.