sábado, 16 de agosto de 2008

Vampirização (Saindo do Limbo)


(antes de partir para o relato da vez, discuto metablogisticamente acerca do objetivo do blog, se estiver muito chato pulem para o terceiro parágrafo)

O blog foi inicialmente idealizado para ser um espaço de crônicas satirizando situações cotidianas. Em algum momento a subjetividade dos autores começou a se sobrepor e deixar de lado aquele clima de piadas. Foram textos de amores impossíveis, criticas a crimes hediondos, criticas a falta de textos. Mas me pergunto: “Quem hoje em dia tem algum interesse em ler isso?” O mundo simplesmente quer dar risadas e esquecer das atrocidades lá de fora, e quando querem saber dessas procuram a imprensa marrom (que alias de trás pra frente significa ‘morram’) não um blog sem qualquer base jornalística*.

Enfim proponho que repensemos o nosso papel nesse mundo cibernético e passemos novamente a problematizar humoristicamente o cocotidiano. Retomarei este principal objetivo narrando umas historia real que aconteceu com membros e um(a) leitor(a) do blog!

Para fins de preservar a privacidade dos envolvidos chamarei as personagens de ‘A’, ‘Ca’, ‘Ce’ e ‘T’, porque X, Y e Z é muito matematicaizante*. ‘Ce’ adoeceu. Como ele sempre preservou poucas amizades e era novo na cidade, os seus amigos mais próximos resolveram lhe prestar uma visita levando comida e alguns remédios (caseiros diga-se de passagem). Acontece que ‘Ce’ odiava (e até onde me consta, ainda odeia) visitas, principalmente as de surpresa, como aquela que nossos protagonistas planejavam. Antes de chegarmos ao acontecimento propriamente dito devo narrar o que aconteceu no caminho que inclusive originou o título deste manuscrito*.

‘Ca’, ‘A’ e ‘T’ encontraram-se em um ponto da cidade para ir a casa de ‘Ce’, porque ‘A’ não sabia o caminho. O encontro foi como sempre, ‘Ca’ estava lendo O Grande Mentecapto do mestre supremo da literatura brasileira Fernando Sabino (alias ‘CA’ tem o estranho costume de comprar vários exemplares deste livro e não dar para quem realmente precisa, como eu).

‘T’ e ‘Ca’ esperaram ‘A’ por algum tempo, ‘A’ sempre se atrasa, mas é fácil reconhecê-la, basta achar alguém com camisa de ‘Onde Está o Wally?’ ou com uma calça curta demais que pode ser confundido com um calção (se é que ainda usam este termo) muito longo. Enfim Avistaram-na facilmente na praça Tiradentes. Como Curitiba já é uma cidade assaz Europeizante ninguém reparou nas três figuras singulares que por lá transitavam: Uma delas com roupas em tom quase francês, um nerd lendo um livro enquanto andava pela rua XV a mais movimentada da cidade, e outro que de tão tímido não conseguia andar sem fitar o chão.

Quando nossos heróis passaram em frente à praça Santos Andrade aconteceu o inimaginável, o que Maurício de Souza chamou de o Além do obvio ululante que pupula nas mentes humanas*. ‘A’ estava à esquerda (de quem vinha por trás) ‘T’ no meio e ‘Ca’ à direita (infelizmente nestes últimos tempos ‘Ca’ sempre está à direita). De modo que ‘T’ e ‘Ca’ viram claramente uma figura. Para mim (confesso ‘T’ sou eu) ele (a figura era de um homem, ou mais que isso) estava de blusa amarela, mas ‘Ca’ contesta até hoje dizendo que ele estava nu! Enfim, essa “figura” agarrou ‘A’ pelas costas e vampirizou-a. Passemos a análise deste termo:

Emprego o verbo vampirizar (neologismo, visto que o Word não reconhece esta palavra) para afirmar, o que vi com meus próprios olhos, ele agarrou-a por trás e fez alguma coisa com seu pescoço, o que exatamente não pude ver, já que suas costas largas cobriam meu campo de visão.

Quando ele acabou saiu correndo eu e ‘Ca’ com toda nossa coragem achamos melhor não ir atrás dele e ficar simplesmente tentando entender situação, depois de trocarmos olhares daqueles de quem não sabe o que fazer. ‘A’ estava no chão, ofegante, levantou-se desconcertada e suando e disse num misto de gozo, medo e vergonha:

- Era meu ex!

Bastou para eu e Carlos (o ‘Ca’) cairmos na gargalhada, ficamos imaginando o que teria acontecido se eles ainda estivessem juntos, provavelmente a vampirização passaria a uma sodomização e talvez até fossemos presos só por sermos amigos de seres que tem aquelas práticas em pleno século XXI.
Demorei-me demais na narração do fato, encurtarei a história visto que em um blog os leitores estão mais interessados em cortes de cabelo e quem ficou com quem do que uma epopéia mítica-religiosa com rituais quase satânicos.
O fato é que encontramos ‘Ce’ saindo de casa, o que até foi bom porque suspeito pela sua cara que se o encontrássemos em casa ele nos mataria com uma pá! Ele obviamente não quis nos receber alegando que sua casa estava muito bagunçada e suja (não entrarei no mérito da discussão). Fomos tomar café, ‘A’ (que ainda estava e suspeito que até agora meses após o ocorrido ainda está desgrenhada pelo ocorrido) ficou de cara com ‘Ce’, pois ele recusou a cesta básica que incluía leite, remédios, bolo de laranja e ervas medicinais (‘A’ sempre andava com ervas medicinais para o caso de ser atacada na rua). Ele não aceitou provavelmente, pois estava curtindo sua independência. Não o culpo eu provavelmente faria o mesmo. Para piorar ainda fomos parados por um empregado do censo (censor?) que fez as perguntas mais enfadonhas sobre a vida e o cosmos para ‘Ce’, que só respondia negativamente, o que é inerente ao seu ser!

‘Ce’ e ‘A’ ficaram um tempo sem se falar, isso é normal na relação deles pelo que tenho visto, mas depois de alguns dias, como todo bom curitibano, passaram a agir como se nada tivesse acontecido. Depois descobri que ‘A’ estava tão brava por ter de assaltar a venda da própria mãe para conseguir o leite e o bolo de laranja, o que acabou num episodio muito singular (que poderia certamente render outra crônica) envolvendo o alarme, o leiteiro e a mãe de ‘A’*.
Eu e Carlos rimos muito da situação, e espero que este pequeno relato de como vi os fatos sirva pra imortalizar um momento em que nada podia quebrar a amizade do nosso grupo: nem trabalhadores do censo, nem o mau humor interiorano, nem vampiros nus e afins!

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* Minto ao dizer “Sem qualquer base jornalística” pois dois dos idealizadores do blog fizeram estágio em um grande jornal de direita do Paraná, que o nosso governador e Comandante Mor R.Requião chamou de mentiroso.

* Termo auto-explicativo, qualquer dúvida: cacoelias@hotmail.com

* Título: o que está escrito lá no alto. Talvez aqui coubesse uma analise metodológica de porque colocar o título referindo-se a um acontecimento secundário na história, mas chega de metodologia!

*Li isso em um gibi de uma turminha que este autor concebeu, não sei se citá-los aqui quebra algum tipo de direitos autores, por isso é melhor não tocar muito no assunto.

*Minhas lembranças a D. Zuléide.

domingo, 3 de agosto de 2008

Agora vai

Um texto curto. Pra ver se alguém comenta.